segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O CULTO AO CORPO


Da Grécia Antiga aos dias atuais


Na Grécia Antiga, os gregos deram início a filosofia e a dramaturgia, fatores esses importantes até hoje. Mas não só a filosofia e o teatro davam aos gregos, euforia e paixão. Outro aspecto cultural da Grécia Antiga que a sociedade medieval dava importância era o esporte. Até então, os exercícios realizados pelos homens era a caça para sobrevivência. A modalidade do atletismo começou a ser criado pelo padre Dére Didon em 1896, mas surgiu bem antes dele em 776 antes de Cristo. O objetivo do atletismo era a seguinte trilogia: correr, pular e arremessar. Os melhores se destacavam por ser mais rápido, mais forte e mais alto (citius,fortius e altius). Os exercícios eram realizados até então pelos jovens e soldados gregos, para desenvolver um corpo com uma boa condição física e criar competições.
Os gregos iniciaram o culto ao corpo em homenagem ao deus supremo dando inicio as competições olímpicas. Para eles, cada idade tinha sua beleza e a juventude tinha o poder magnífico de um super corpo capaz de resistir à todas as formas de competições, seja na pista de corridas ou na força física. A estética de um corpo admirável e o intelecto fazia parte da busca para a perfeição, só que um belo corpo era até mesmo mais importante do que uma mente brilhante, sendo assim o corpo na Grécia antiga era glorificado e de interesse do estado, em Esparta, por exemplo, atividade física recebia valor de destaque na educação dos jovens que buscavam um corpo saudável e fértil, já em Atenas os homens belos e bons recebiam mérito de honra, mais pela beleza do que pelo ser bondoso.
Nas demais cidades da Grécia, a atividade corporal se dava em torno dos jogos olímpicos. Já as classes menos favorecidas tinham como objetivo a preparação para a guerra. A rígida busca pelo corpo belo e forte era bastante autoritária e se colocavam algumas regras. Os homens viviam para manter o corpo perfeito e saudável, enquanto para as mulheres restavam obediência e fidelidade. Na Grécia, o corpo feminino era visto como inferior ao corpo masculino. A diferença era para a mulher mais quente. Quanto mais calor a mulher exalava era a mais perfeita. Mas, mesmo elas sendo mais quentes ou mais frias, ficavam sempre em segundo plano. As mulheres eram, na verdade, uma reprodutora para "fabricar’’ homens belos e fortes.
A homossexualidade na Grécia era vista como normal. Os homens se admiravam entre si. Ser casado não impedia os gregos de ter relações sexuais com outros homens e a única finalidade era satisfazer o apetite voraz de predador que os gregos tinham. A homossexualidade visava a formação dos jovens tanto em Esparta quanto em Atenas. No Exército espartano, a relação sexual entre dois soldados fortalecia a corporação. O amor entre eles não exluia a relação com mulheres. Esses atos sexuais só veio a ser considerado "pecado’’ com o advento do Cristianismo. Um dos grandes personagens da história da Grécia e do mundo com tendências homo afetivas foi Alexandre o Grande, responsável por um dos maiores impérios que já existiu. Ele era visto pelos gregos como um homem perfeito que unia beleza, corpo e uma mente brilhante.
Nos jogos olímpicos na Grécia Antiga um bom condicionamento físico, com a força e garra, dos competidores hera primordial. A guerra era travada para se vencer os adversários e ser aplaudido de pé. Os atletas que venciam as competições eram considerados famosos na Grécia, a assim como nos dias atuais onde atletas de futebol, vôlei e outras modalidades são considerados estrelas. Mas naquela época se tinha um valor mais forte. Para os gregos vencer uma olimpíada era até mais importante do que vencer uma guerra. Tudo era motivo de se praticar atletismo. Nas festas religiosas, nas assembléias políticas nas praças das cidades. Eles contavam com um grande número de concursos que eram patrocinadas pelo país e eram inseridas no calendário oficial.
É nesse contexto que inserem os quatro jogos mais importantes da Grécia antiga: os olímpicos, que eram celebrados no santuário do deus supremo Zeus, em Olímpia; os Píticos, celebrados no santuário de Apolo, em Delfos; os Ístmicos realizados no santuário de Possêidon, em Corinto; e Os Nemeus que eram praticados no santuário de Zeus, em Nemélia. Os gregos perpetuaram suas exuberantes formas físicas em várias estátuas de mármore e pedra reavaliando assim sua obsessão pelo corpo perfeito, perpetuando eternamente suas formas. Nos dias de hoje para simbolizar um corpo perfeito, e escultural chamamos de "deus grego’’ uma simbologia àquela época de homens que viviam para o cultivo do corpo.


HENDONISMO, PRAZER SEM LIMITES


Essas doutrinas de vida eram também características do hedonismo, que visa o prazer supremo do ser humano entendida como felicidade. Essa filosofia de vida pode-se assim dizer, era a tendência do prazer imediato, individual, como se nada mais lhe desse prazer além do prazer que o próprio corpo proporcionava. Essa doutrina voluptuosa, nos dias de hoje é mais encontrada do que se pensa. Para a secretária executiva Milena Lima o que lhe dá mais prazer é quando está na academia. "Não deixo de malhar um dia sequer. Sou viciada em academia de musculação. Às vezes deixo fazer coisas mais importantes para não faltar a academia. Lá eu me sinto realizada, feliz, como se nada tivesse mais importância do que cuidar do meu corpo. Considero a academia a minha segunda casa", revelou. Esse é um tipo freqüente de hedonismo, que encontramos em várias personagens nas academias de ginástica, onde a felicidade maior é cuidar do corpo.
Já na sociedade atual, o culto ao corpo não é diferente dos tempos antigos. A mesma doutrina de vida para se manter um corpo forte e saudável é encontrada em todas as partes do mundo. Isso é uma marca da sociedade contemporânea. A única diferença dos tempos remotos da Grécia é o avanço da medicina, onde as práticas de cirurgia estética levam milhões de pessoas a esculpir o corpo na forma que desejar procedimento esses que muitas vezes dá errado por falha humana. O personal treinner Jorge Cabral conta que o seu sonho era fazer uma lipoaspiração e uma lipoescultura. Com 25 anos, aparentemente não se via necessidade para tamanha vaidade. Mesmo assim, o jovem juntou R$ 6 mil reais e foi fazer a sua tão sonhada cirurgia.
Jorge Cabral ficou em coma induzido por um mês em razão de uma forte reação alérgica a anestesia geral. Hoje, já recuperado do drama ele se arrepende. "Fui fazer a cirurgia estética para melhorar ainda mais meu corpo. Mas no meu caso era pura vaidade porque não tinha razão para tanto. Gastei dinheiro em vão e fiz muita gente sofrer com meu estado. Minha mãe sofreu muito, pensei que ia morrer, mas hoje graças a Deus estou bem e aqui para contar a história".
O Brasil é considerado o império dos bisturis, onde se faz mais cirurgias estéticas em todo o mundo ganhando até mesmo dos Estados Unidos. Mais de 350 mil pessoas se submetem as cirurgias estéticas em todo território brasileiro (em que período?). Para se entender melhor os médicos dividem seus pacientes por três principais grupos, por ordem de grandeza. O principal grupo é aquele que luta para fugir dos sinais da velhice. O segundo grupo são aquelas pessoas cujas imperfeições físicas provocam um desgaste psicológico muito grande e o terceiro são aqueles pacientes mais ousados, que visam esculpir um corpo de parar o comércio.
O corpo hoje se torna objeto de consumo, onde as pessoas fazem de tudo para se chegar a um corpo perfeito. Muitas vezes para se chegar ao tão sonhado objetivo, as pessoas recorrem a distúrbios alimentares e as práticas de atividades esportivas excessivas que mexem com todo o metabolismo físico e mental. Jaelson Costa, ex-modelo, conta que recorria à bulimia para se sentir bem consigo mesmo e sem culpa. Todo alimento que ele ingeria imaginava que o fizesse engordar e botava tudo para fora. "Passei anos com essa doença. Chegou uma hora que não estimulava o vômito, bastava comer alguma massa, gordura ou fritura e psicologicamente o vômito vinha com tudo, precisei me reeducar e freqüentar um psiquiatra com a ajuda de um gastro. Hoje em dia não como certos alimentos como coxinha, pizza ou churrasco que volta tudo novamente".
Isso é um problema social e cultural, mas freqüente do nosso tempo. Segundo o psiquiatra Jairo Norman, não existe, mas uma reeducação social da pessoa. "Quando a pessoa desenvolve a doença é preciso reeducá-la para se poder viver melhor perante a sociedade”, observou.
Não muito diferente da Grécia Antiga, nos tempos modernos a socialização das meninas é construída sobre um corpo frágil, delicado onde a beleza é fundamental. Os meninos, ao contrário disso, são educados para ter um corpo forte e viril onde a masculinidade é estimulada a toda hora. O físico de homens e mulheres é formado perante essa construção social e cultural ao longo dos tempos. Os padrões de beleza são duros e cruéis e nem todos estão preparados para enfrentar essa futilidade da sociedade humana. Em cada tempo, as pessoas modelam ou fabricam o corpo cada vez mais moderno e mais trabalhado. Hoje em dia isso é uma doutrina de vida, uma filosofia do culto corpo, onde é construído um novo estilo de vida, mais livre, narcísico e hedonista.
Nosso corpo encontra-se em plena metamorfose não se pode mais aceitá-lo como ele é. Temos que transformá-lo e reconstruí-lo, as pessoas buscam no corpo uma verdade sobre si mesmo para agradar uma sociedade muitas vezes fútil e hipócrita, muitas vezes frustrado por não se realizar como pessoa, o indivíduo se realiza com o seu corpo e joga todas as suas expectativas nele virando uma obsessão doentia e perigosa Ao mudar seu corpo ele busca transformar sua relação com o mundo para ser mais amado e mais aceito perante todos que os cerca. Esses aspectos sócios cultural são muito delicados, o indivíduo fica sem uma identidade formada, sem caráter próprio, onde a família, a religião, o trabalho ficam em segundo plano e ficam acostumados a ser egoístas onde o eu fala mais forte.


A NOVA DOENÇA DO SÉCULO XXI: VIROREXIA


Essa busca frenética por corpos divinos e malhados têm uma doença e chamada de Vigorexia. Nela, a pessoa nunca está satisfeita com sua imagem. É um transtorno psiquiátrico do culto ao corpo onde muitos esportistas têm a doença e não sabe que estão doentes. Mesmo que o homem esteja muito musculoso se vê com o corpo miúdo e fraco. Já nas mulheres o culto ao corpo se dá pela doença chamada de anorexia, onde elas evitam a comida para não ganhar peso, pois cada vez mais magras se sentem mais bonitas e desejadas. Algumas delas acabam morrendo na pele e no osso. Nos homens é justamente ao contrário. Ficam obcecados por um corpo musculoso e realizam exercícios físicos em excesso. Muitos ainda tomam anabolizantes para conseguir um resultado satisfatório em um pequeno espaço de tempo.
A insatisfação com o corpo e consigo mesmo só mostra a falta de auto-estima. O fato da pessoa não se sentir bonita é mais mental do que a própria realidade. Quando uma pessoa se ama suas células do rosto demonstram esse sentimento e ela se vê e sente atraente, bonita de bem com a vida. Isso é inconsciente já a diferença de insatisfação consigo mesmo é tão grande que é notório a cara na maioria das vezes com um tom preocupado e insatisfeito. Quantas pessoas saem para baladas, para as festas se sentido feio e sem graça e por isso tem a sensação que todas as outras pessoas vão achar a mesma coisa. Uma das maneiras de se combater a anorexia e a vigorexia é estimulando a sua auto-estima. Quando o indivíduo se ama e está feliz com seu corpo, tudo a sua volta flui se ele se dá conta. Manter um corpo forte e saudável é bom, mas não é tudo na vida, existem outras prioridades, outras metas a ser cumprida, como a família, o trabalho, o amor. Cuidado para não se dar conta tarde demais.
Por Hugo Ebling

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